quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

HOMICIDIO EM SANTA TERESA DO OESTE

Em uma noite fria sem luar as margens da rodovia federal BR 2325 nas imediações da localidade Santa Filomena zona rural da pacata cidade de Santa Teresa do Oeste, oeste do Estado do Maranhão - Brasil aconteceu um crime de homicídio e uma possível tentativa de estupro, cujos delitos nunca não foram elucidados pela policia, os quais narrarei com base nas investigações e em uma carta enviada por um anônimo dizendo chamar-se: “Veridiano El Matador” na qual assume a autoria unicamente do homicídio.
                             
Segundo as manchetes dos jornais que circulavam na cidade de Santa Teresa do Oeste no dia 15 de agosto de 1992, noticiavam a tentativa de estupro de uma jovem senhora e o homicídio de seu companheiro, ambos os, forasteiros recém chegados de outro estado Brasileiro.

Toda a população de Santa Teresa do Oeste ficou barbarizada com tal noticia que logo se espalhou por todo município ganhando repercussões nacionais, pelo fato de naquela pacata cidade nunca ter se ouvido falar em toda sua existência de um crime daquelas proporções.

Poucas horas após a consumação delituosa por volta de aproximadamente 04h50min do citado dia 15/08/1992 a policia fora informada através de um caminhoneiro que passou pelo local dos delitos, porem o policial plantonista que recepcionou a noticia por ser nativo daquela cidade até brincou com o noticiante lhe perguntando em qual cinema havia assistido aquele filme, no entanto o noticiante ofegante insistia com o policial lhe narrando sobre a noticia, mesmo incrédulo sobre a veracidade da noticia o jovem policial registrou a noticia e em seguida, dado ao horário da madrugada fora em companhia de seu colega de trabalho a casa do delegado lhe transmitir a dita noticia.

O delegado que era um senhor maduro com 62 anos de idade e de larga experiência policial, pois, havia há mais de 35 anos na policia com um currículo que era de fazer inveja a qualquer policial principiante, contudo, trabalhando naquela cidade por opção de transição de sua atividade policial para a aposentadoria, dado a paz que reinava naquele município; de logo também ficou surpreendido com a noticia e após trocar suas vestes de dormir seguiu com seus colegas policiais ao local de crime indicado pelo noticiante.

Os policias logo ao se aproximarem da localidade de Santa Filomena por volta das 05h30min daquele inesquecível dia, foram logo sentindo a veracidade da noticia por meio de seus corações que batiam cada vez mais acelerados ao avistarem um grande numero de populares naquela hora em um lugar quase ermo, no entanto ao descerem da viatura imediatamente a noticia se confirmou ao se depararem com um corpo ensangüentado de uma pessoa do sexo masculino aparentando ter aproximadamente 35 anos de idade estendido ao solo e uma jovem senhora que chorava agarrada ao corpo gritando - ele queria me estuprar e depois matou meu marido, ele queria me estuprar e depois matou meu marido, por favor, façam alguma coisa - eis que o delegado lhe questionou: ele quem? Virgiliana Kuantz a jovem senhora então lhe respondeu: não sei só me lembro ser um homem alto forte, muito forte, não sei se branco ou negro estava escuro só vi quando ele me puxou pelo braço me arrastando para o matagal, querendo me estuprar ai meu marido correu pra me defender e o homem atirou nele, por favor, doutor prenda ele.

Após, muitos outros questionamentos sem nada frutificar, que pudesse levar o delegado a uma linha de raciocínio investigativo ele continuou seu trabalho, identificando o morto o qual se chamava: Cabraruan Sanez Ravinho, como sua guarnição policial não compunha de peritos e nem tampouco havia perito lotado naquele município assim como o local mais próximo de se encontrar um perito oficial estava a mais de 600 km dali o delegado iniciou a verificação do local de crime procedendo aos exames necessários ao final constatando que aquele homem havia morrido em conseqüência de uma transfixação craniana por projétil de arma de fogo, provavelmente um revolver 38 conforme havia lhe descrito a jovem senhora esposa do morto.

Passados dias e mais dias de investigação, pedidos de dilação de prazos, idas e voltas do inquérito a justiça, finalmente o experiente delegado o qual não mediu esforços para elucidar o crime, mas, vencido pela difícil elucidação e já na eminência de sua aposentadoria, optou pelo pedido de arquivamento do inquérito, cujo pleito lhe fora atendido, colocando assim naquele momento uma pedra em cima do triste episódio que deixou toda aquela comunidade Santa teresense barbarizada.

No entanto, depois de alguns anos quando o experiente delegado já se encontrava aposentado, a viúva do morto prontamente casada outra vez, assim como toda comunidade Santa teresense nem lembrava mais daqueles dias angustiante de manchetes em jornais nacionais, surge pela cidade uma carta estarrecedora assinada por uma pessoa que usou o pseudônimo de: Veridiano El Matador, eis que os fatos narrado na carta relatavam todo o evento criminoso do dia 15/08/1992.

El Matador como ele mesmo solicitara na carta que gostaria de ser chamado havia saído de sua casa situada em uma das ruas de Santa Teresa do Oeste na noite do dia 13 de agosto de 1992 com destino a mata de Santa Filomena a fim de caçar para prover o alimento de sua família, no entanto como naquela noite chovia muito alem do frio que se fazia não foi possível El Matador matar sua caça haja vista aos empecilhos da selva aliado a sua falta de sorte naquele dia, porém, dado ao seu cansaço alem de sua angustia em prover o alimento de sua família ele preferiu ficar na mata descansando a espera da próxima noite ao invés de retornar a sua residência.

Assim que a noite do dia 14 de agosto de 1992 chegou, El Matador já se encontrava aposto para sua empreitada, embora nesta noite não chovesse, contudo caia um orvalho forte e intenso, e era de plena escuridão, no entanto por voltas das 21h00min El Matador conseguiu matar uma enorme capivara a beira do rio Esperantino, tendo ali mesmo destripado-a e depois depositado a carne em uma cangalha para transportá-la em seus ombros. Feliz da vida El Matador retornava para sua residência quando de repente ainda no interior daquela mata avistou um viado Catingueiro e como aquela noite era sua noite de sorte mais um animal silvestre foi morto, desta feita El Matador era só alegria, pois sabia que aquelas carnes silvestres que transportava em seus ombros daria para alimentar sua família por até 30 dias.

Eram 02h10min madrugada do dia seguinte (15/08/1992) quando El Matador conseguiu sair do interior da Mata de Santa Filomena adentrando ao leito da rodovia federal BR 2325, cansado pelo desgaste das duas noites de caçadas, assim como pelo peso transportado em seus ombros e considerando-se já livre dos perigos da selva, resolveu parar ali no leito da estrada e arriar o peso transportado, para descansar um pouco, oportunidade que surgiram Cabraruan portando uma espingarda calibre vinte e Virgiliana portando um facão, no entanto sem nada a suspeitar daquelas pessoas El Matador recepcionou-os com um: “olá bom dia amigos”, entretanto os recepcionados não estavam para cortesia e foram logo dizendo o que queriam - Cabraruan apontando sua espingarda em direção a cabeça de El Matador lhe ordenou: - “Cabra da peste entrega pra ela a espingarda e as caças que tu transporta e pode seguir em paz” - El Matador meio que sem acreditar naquilo que lhe acontecia e quase que suplicando dissera: - “Amigo eu não posso lhe da minha espingarda nem minhas caças elas são para alimentarem minha família” - Cabraruan engatilhando sua espingarda retrucou: - “cabra tu ta conversando demais, tu quer é morrer” - Virgiliana se aproveitando do relaxamento de El Matador partiu pra cima dele gritando: -“Felá da puta eu vou te degolar”.

El matador naquele momento percebendo que tudo que lhe acontecia ali era real esquivou-se do golpe desferido por Virgiliana, se atracando com ela em uma disputa pela posse do facão, oportunidade em que Cabraruan mantinha-se a distancia com sua espingarda sempre mirando em El Matador, porem El Matador conseguiu tirar a posse do facão das mãos de Virgiliana ocasião que a mesma feriu-se, tendo nesse momento El Matador percebido que desgarrado de Virgiliana se tornaria alvo fácil para a mira de Cabraruan então se jogou ao chão, passando a rolar-se pelo solo, oportunidade em que Cabraruan lhe desferiu um tiro lhe errando graças a aquela ação defensiva, todavia Cabraruan não perdeu tempo e rapidamente municiou sua arma novamente, ensejo em que El Matador sentindo que tinha que lutar com seus agressores de igual pra igual caso contrário seria morto, então sacou seu revolver calibre 38 Smith Wesson cano longo niquelado e desferiu um único tiro certeiro alvejando Cabraruan na cabeça na parte frontal acima do olho esquerdo.

Com esse único tiro certeiro Cabraruan sucumbiu ao solo e Virgiliana percebendo a derrota de seus planos, aproveitou-se da escuridão e correu para dentro da mata onde lá se refugiou. El Matador após discorrer por alguns segundos agachou-se, juntou sua carga e mais uma vez as pôs em seus ombros e com seu revolver em punho caminhou apressadamente ate sua residência, chegando lá antes mesmo do sol nascer, contou ainda que já bem próximo a entrada de Santa Teresa do Oeste viu quando a viatura policial passou em direção a mata de Santa Filomena.

Durante todo o período da investigação policial El Matador manteve-se apreensivo posto que a dita noticia de crime de estupro não era verdadeira e isso lhe ocasionava muito medo em ser descoberto, pois correria o risco de alem de pagar pelo crime de homicídio ter que pagar por outro crime que não cometera, assegurou firmemente que sempre se manteve no anonimato em relação a este episodio.

Na referida epístola constava também que El Matador fortuitamente descobriu que Cabraruan e Virgiliana antes de se mudarem para Santa Teresa do Oeste residiam em uma pequena comunidade silvícola do visinho Estado do Pará onde lá cometiam delitos da mesma espécie deste tentado contra ele (El Matador), que inclusive foram expulsos de lá pelos nativos e desde que partiram daquela comunidade nunca mais se ouviu falar em crimes naquela região.

Ao certo ate o presente momento não se sabe se estas imputações feitas por El Matador a Cabraruan e Virgiliana se são verdadeiras, nem tampouco se o atual delegado de Santa Teresa do Oeste irar reabrir o polemico inquérito com base nesses novos acontecimentos, porem uma coisa é certo desde que a dita carta começou a circula em Santa Teresa do Oeste, Virgiliana sumiu abandonando seu atual marido e seus os filhos, não sendo sabido por ninguém nem tampouco por seus familiares qual seu paradeiro nem os motivos ensejadores de seu sumiço.

Embora em Santa Teresa do Oeste ninguém faça idéia de quem possa ser El Matador, políticos, fazendeiros e comerciantes se uniram com intuito de construírem uma grande estatua na cidade em homenagem a El Matador, criando mais uma polemica na pacata cidade, que hoje se divide em opiniões uma minoria acha que essa construção não passaria de apologia ao crime, porem a maioria consideravelmente antes mesmo do inicio da construção já consideram o desconhecido El Matador como herói de Santa Teresa do Oeste.


Esta obra é uma Crônica Policial de ficção
Com nomes de lugares e personagens fictícios e qualquer semelhança
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O autor: José Roberto Menezes de Azevedo é investigador de Policia Civil
             Do Maranhão,  matemático  e  estudioso  do  direito,  atualmente
             Exercendo funções pertinentes ao cargo de Delegado.


Postada em 26/12/2012 no blog: http://www.menezesazevedo.blogspot.com/