sábado, 30 de julho de 2016

FAMILIARIZAÇÃO DA CRIMILLIDADE


São Luís/MA, 30.07.2016.

O medo e a insegurança encontram-se generalizados desde as grandes metrópoles brasileiras até as vilas rurais menos habitadas, talvez não haja um lugar sequer em nosso território Brasileiro que não tenha sido palco das barbarias de criminosos.

Não precisamos nos debruçar sob estatísticas estatais ou jornalísticas para chegarmos a esta conclusão, bastando para tanto apenas sentarmos a frente das TVs nos horários dos programas jornalísticos policiais, para se concluir essa triste realidade Brasileira.

O medo e a insegurança felizmente não têm ocasionado maiores transtornos psíquicos ao povo Brasileiro, em razão da familiarização da criminalidade, o que de certa forma tem feito as pessoas agirem com naturalidade diante deste cenário hediondo, lavado diariamente com o sangue de inocentes. 

A eminente familiarização da criminalidade é plenamente detectável, através dos programas televisivos que tratam deste cenário de horror, observe-se que estes programas na maioria são de grandes audiências, mesmo sendo exibidos em horários matinais, muito cedo, alcançam inclusive, além da audiência, fidelidade do telespectador, por outro lado os criminosos são ainda mais familiarizados, nos presídios são recepcionados por seus colegas criminosos como heróis do crime.

Diante deste cenário não podemos confundir familiarização da criminalidade com a redução do medo e da insegurança, observe-se que esta familiarização pode de certa forma interferir nas interpretações dos resultados, tanto do crime, quanto da Segurança Pública, uma vez que o familiarizado na grande maioria interpreta a conjuntura criminal de maneira banalizada.

Observem que o medo e a insegurança são eminentes, contudo avançamos para uma convivência familiarizada pela banalização do crime que se alastra de forma crescente e generalizada, enquanto isso o Estado permanece de olhos vendados, o que agrava o atual quadro, sem contabilizarmos ainda, o desastre desta familiarização, que está começando a se consolidar pela autotutela, pessoas executando pessoas por suas próprias convicções de justiça.

Do jeito que estamos, não é nada fácil, mudar esse quadro, os olhos estatal vendados trouxeram-nos graves prejuízos sociais, mudamos tão recente de um regime de restrições para um regime de liberdade democrática sem nos preocuparmos com as consequências dessa liberdade, no passado fomos o país do samba e do futebol, hoje somo o país da corrupção, outro grande mal que nos agrava para uma retomada rápida em prol da paz urbana e rural.

É certo que não podemos tratar unicamente do combate ao crime, tutelados apenas pelo direito penal, por outro lado o avanço desproporcional das garantias individuais de forma constante em detrimento do direito Estatal de fiscalizar e punir os que infringem a lei penal é outro serio agravante do combate ao crime.

Nesse sentido o Estado tem sido omisso, garantimos demasiadamente a liberdade, protegemos de menos e por fim punimos muito mal, com essa conjuntura todos os esforços dos órgãos de segurança sempre serão em vão, sempre estaremos “enxugando gelo”.

Um ponto importante nessa discussão que não podemos passar despercebido, que corrobora com o tema apresentado é contumácia dos criminosos, percebida por todos, porém tratadas com verdadeiro descaso Estatal, vejam que na grande maioria, os criminosos presos  em flagrante delito levados a audiência de custodia são contumazes e reincidentes criminais, mas amparados pela politica protecionista de Estado; são postos em liberdades como se fossem pobres vitimas desamparadas.

Vejam quão grandes são as dificuldades que enfrentamos para combater o crime, como se não bastassem aqueles que por qualquer infortúnio de suas vidas cometem crimes, além daqueles especializados e quadrilheiros, ainda nos deparamos com os contumazes livres como se fossem inocentes e primários deveras aptos a novos intentos criminais bárbaros.


O autor é Investigador de Policia Civil do Maranhão;
Matemático, Administrador e estudioso do Direito;
Atualmente titular das Investigações
Criminais da Delegacia de Primeira Cruz/MA
Jose Roberto Menezes de Azevedo.
azevedomenezes@hotmail.com