São Luís/MA, 18.07.2015.
Cleidenilson Perreira da Silva Soldado Alex Amâncio
A vítima,
juntamente com um menor infrator, tentaram assaltar a mão armada um
estabelecimento comercial no jardim São Cristovão, e foram rendidos por
populares que praticaram outro crime, de conhecimento exaustivamente de todos,
sendo inclusive matéria do Programa Fantástico do domingo passado.
O
Bandido Cleidenilson Pereira da Silva, 29 anos, era contumaz em cometer
delitos, embora fosse tecnicamente primário, tendo aliciado um menor para a sua
derradeira empreitada.
Os
fatos violentos de São Luís foram manchetes de vários jornais impressos,
matéria de destaque em revistas semanais e blogs, aqui mesmo na capital do
Maranhão no dia 07.07.2015 o jornal Estado do Maranhão, o de maior circulação,
fez uma capa em que a foto da vitima amarrada ao poste era quase uma pagina
inteira.
- Que
tempo esses!
No
mesmo dia do linchamento, era cruelmente assassinado o policial militar Alex
Amâncio com um tiro na testa ao ser abordado por um grupo de criminosos, na
Zona Norte do Rio, mais um policial vitimado para engrossar as estatísticas
dantescas, em que a cada 32h se mata um policial no Brasil. 75% dos policiais
foram assassinados fora de serviço, justamente na sua vulnerabilidade, ou
quando na sua folga buscava uma outra alternativa de suprir os aviltantes
salários pagos para as policias, mostrando de forma transparente a falência das
policias brasileiras.
O
soldado não foi capa de nenhum jornal importante, não saiu em destaque nos
jornais televisivos, raríssimos blogs comentaram o fato, com exceção de alguns
poucos ligados à policia local daquele estado, foi apenas um policial
assassinado, deixando na orfandade uma filha de três anos que dependia
totalmente do pai. O quê dizer pra essa filha? As vezes, as palavras nada
dizem.
O
soldado Alex Amâncio era reconhecidamente um profissional exemplar, amava ser
policial, e trabalhava em prol da sociedade no combate ao crime em uma cidade
aonde é extremamente difícil ser policial, o outro, o Cleidenilson, estava em
ponto oposto, tirando o sossego da população, o primeiro nenhum reconhecimento
teve, não tendo direito aos “Direitos Humanos”, não ganhou destaque sequer na
mídia, pois policial quando morre é só um numero estatístico, enquanto o
segundo, virou matéria de mundo, e aqui não estou dizendo que a população fez
algo correto, mas apenas busquei comentar, as desigualdades que são amazônicas.
Um dia
nunca é igual ao outro, e os detalhes acabam fazendo a diferença. Depois do
fatídico dia, mais outros policiais morreram Brasil a fora, e a historia se
repete, ninguém comenta, e a dor é da família, como se o assassinato de um
policial, fosse algo tão banal, para ser tratado como natural.
Qual de
nós será a vítima da vez?
Posso
compartilhar um sentimento? – o policial só tem valor na instituição quando
esta produzindo, quando se aposenta ou morre, vira papel velho.
Texto de: Amon Jessen.
Investigador de Policia Civil.Policia Civil do Estado do Maranhão.
São Luis/MA.