segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

POLICIAIS CIVIS, BRAVOS COMBATENTES INJUSTIÇADOS


Vivemos atualmente praticamente assolados pela corrupção e pela criminalidade, fatos que tem exigido da policia federal e das demais policias judiciárias brasileira uma responsabilidade institucional redobrada diante desta grande vertente criminosa, de certo que, mesmo esfaceladas por suas precariedades, tanto a policia federal, quanto as policias civis brasileiras tem sido o elo primordial do ministério publico e da justiça nesse combate.

A introdução visa inicialmente despertar o leitor para a importância das policias judiciária para o povo brasileiro, cada uma obviamente dentro de suas respectivas competências e circunscrição, todavia daqui em diante trataremos apenas da policia civil maranhense e da injustiça aos seus investigadores, comissários e escrivães.

Atualmente os investigadores, comissários e escrivães de nossa gloriosa policia civil maranhense encontram-se debelados em uma nova metodologia sindical de reivindicação, que foi denominada POLICIA LEGAL, política reivindicatória que impõe aos policiais praticarem unicamente os atos legais do exercício funcional, os abstendo das praticas em desacordo com as normas institucionais e processuais penal.

O programa “policia legal”, exige cumprimento de escalas de trabalho de acordo com a jornada estipulada na lei, exercício funcional de acordo com as descritas  respectivas do cargo, pagamentos de diárias antecipadas conforme trata a lei para cumprimento de diligencias fora de suas circunscrições policiais, estrutura das delegacias para melhor atendimento do publico, viaturas em boas condições de trabalho, dentre outras exigências legais.

 Entretanto, o “policia legal” tem provocado certo embaraço entre os policiais adeptos do movimento com os delegados, tendo em vista que a grande maioria dos delegados está alheia aos interesses do movimento, talvez pelo fato dos mesmos já sentirem-se satisfeito com sua atual conjuntura salarial, que deveras fora concedida logo no inicio do governo de Flavio Dino.

Neste mesmo contexto concessivo enquadram-se também a categoria dos peritos que tiveram seus subsídios elevados para mais próximo de um salário justo, restando esquecidos dentro de um histórico perene de injustiças; os investigadores, comissários e escrivães. 

Olhando-se friamente para nosso passado, é fácil nos lembrarmos de tantas injustiças, houve épocas em que policiais civis acumulavam duplamente as funções de agente de policia e agente prisional, com delegacias super lotadas de presos de toda espécie, cumpriam-se jornadas de trabalho escravizadas, lembro-me de uma dessas jornadas na cidade de Pinheiro/MA, depois de um turno de 24 horas de trabalho em uma delegacia com mais de 250 presos, onde era conhecida como um verdadeiro inferno fui duramente convocado para dobrar a jornada de trabalho, sob a alegação de suspeita de resgate de presos, tendo ao terceiro dia sido compelido novamente a participar de outra equipe policial encarregada da recaptura de presos fugitivos, a atividade era em nível de stress insuportável, mas trabalhávamos, contudo em nada fomos reconhecidos, é assim a vida de um bravo policial.  

Também não só de tristezas foi nosso passado, houve tempos em que delegados disputavam entre si, os renomados policiais civis para compor as famosas equipes de captura das delegacias de suas titularidades, eram tempos de salários curtos, mas de alegrias, havia respeito aos veteranos, aos chefes de comissariados, captura e cartório.

Penso que hoje não haveria como resgatar-se essa empolgação policial do passado, levando em consideração a atual gratificação de chefia de captura, comissariado e cartório que está na ordem de R$ 112,00 (cento e doze reais), trata-se de uma verdadeira vergonha, é uma prova real, de que nos encontramos estagnados no tempo.

Contudo, mesmo diante de todas estas injustiças os policiais civis não se calaram e unidos pela força do Sindicato dos Policiais civis do Maranhão – SINPOL sob a liderança dos renomados policias sindicalistas;  Ronald Ribeiro e Amon Jessen fomos a luta e muitas conquistas foram conseguidas em cenários cinematográficos de confronto com policia militar, que sempre em cumprimento as ordens governamentais partia para o enfretamento contra os policiais civis no sentido de dispersar-nos, enfraquecendo os movimentos, todavia sempre perseverantes e de greve em greve fomos avançando ate chegarmos ao ponto de nossa estagnação atual.

Das lutas passadas para as atuais muito mudou, hoje somos declaradamente pelo supremo tribunal federal – STF impedidos de fazer greve, de maneira que o caminho encontrado pela atual diretoria do SINPOL.MA com os policiais foi a implantação do  movimento “policia legal” no sentido de tentar sensibilizar o governo para uma tomada de negociações das presentes demandas de injustiça que estão submetido os investigadores, comissários e escrivães.

O quadro atual não é nada animador, somos detentores de uma carreira policial de exigência de nível superior, porém a remuneração inicial iguala-se a de um policial militar (soldado) em carreira inicial com exigência de nível médio, contudo sem desmerecê-los, tendo em vista que consideramos merecedores, porém nós, talvez sejamos, a carreira de nível superior para uma jornada de 44 horas semanais com a menor remuneração do estado, não entrarei no mérito deste escalonamento salarial, pois a pretensão é unicamente mostrar as distorções.

De volta ao passado veremos que os governos anteriores, assim que as greves policiais se encerravam os ganhos acordados entre policiais civis e governos eram em seguida concedidos também aos militares, hoje isto não ocorre os militares agraciaram suas conquistas organizadas previamente em uma tabela salarial progressiva ate o ano 2018, entretanto os policiais civis não tiveram tal sorte.

No campo funcional perdemos autonomia e nos tornamos meros auxiliadores da autoridade policial, nos atrelando tão somente ao cumprimento de diligencias determinadas pelas respectivas autoridades policiais.

Precisamos nos reorganizar como policia judiciária, com a implementação de novos cargos de chefia conforme as respectivas qualificações do policial para que atenda as demandas com qualidade daqueles que buscam os serviços policias nas delegacias, precisamos descentralizar diversas diligencias ora monopolizadas aos delegados, agrupando em chefias intermediárias conforme as demandas das investigações, e por fim valorizar o policial civil com um salário mais próximo do justo possível, revertendo-se as injustiças pela bravura policial.
 

O autor é Investigador de Polícia Civil do Maranhão;
Matemático, Administrador, especializado em Direito Penal e processual.
Atualmente respondendo pela Delegacia de Primeira Cruz/MA
Jose Roberto Menezes de Azevedo.
azevedomenezes@hotmail.com