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Alan Marques/ Folhapress
O ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP) discursa para plenário praticamente vazio
Sarney subiu à tribuna para um plenário praticamente vazio e disse que
não gostaria de fazer um discurso de despedida. Ao agradecer ao povo do
Maranhão, Sarney citou índices econômicos e sociais do Estado e lamentou
a forma como a mídia o retrata. Em sua fala, ele chamou ainda o golpe
militar de 1964 de "revolução".
"Esses números sem dúvida chocam porque a nossa mídia faz parecer que o
Maranhão é exemplo de um crescimento menor, mas na realidade, ele está
numa vanguarda", disse.
Reforma política
Sarney criticou o atual sistema político brasileiro e defendeu a
reforma política. Foi neste contexto que chamou, indiretamente, o golpe
militar de 1964 de "revolução". "Acabaram as lideranças no Brasil.
Talvez a coisa pior que a revolução fez no Brasil foi ter acabado com os
partidos no Brasil", disse o parlamentar.
"Há muito eu defendo o voto distrital (...) Ele (voto uninominal) é o
responsável... é uma reminiscência do século 19, que vem das ideias
lançadas por Assis Brasil e esse voto uninominal é a causa do que nós
temos (hoje) e constitui a grande causa do atraso do Brasil", afirmou.
O voto uninominal é o voto dado pelo eleitor direto no candidato escolhido, e não em uma lista.
Sarney disse que apesar de avanços econômicos e sociais, o Brasil
regrediu na política. "Na área política, nós regredimos e esse é o
grande entrave que o país sofre hoje (...) Chegou a um ponto que não
podemos tolerar mais esse impasse. Não podemos tolerar mais. O sistema
político brasileiro é responsável por todo o resto do que acontece em
nosso país", disse o senador.
Sarney também criticou o que chamou de "proliferação" de partidos
políticos. "Precisamos evitar a proliferação dos partidos que hoje
constituem verdadeiros registros eleitorais e só servem para negociações
materiais", afirmou. "A maioria deles é dirigida por comissões
provisórias, maneira encontrada para criar feudos pessoais", disse o
parlamentar.
Sarney, que já havia se manifestado contra a reeleição em outras
oportunidades, voltou a criticar o dispositivo. "Precisamos levar a
sério o problema da reeleição. Que precisa acabar, estabelecendo-se um
mandato maior. Sou crente que o mandato de quatro anos é muito pequeno.
Nós devemos ampliá-lo para cinco ou talvez até para seis anos", afirmou.
"Arrependimento"
O senador e ex-presidente diz estar arrependido de ter assumido cargos
públicos após ter sido presidente da República. Segundo ele, é preciso
proibir ex-presidentes de assumir cargos públicos, até mesmo os
eletivos, após deixarem o comando do país.
"Até fazendo uma mea culpa, arrependimento. Penso que é preciso proibir
que ex-presidentes ocupem qualquer cargo público mesmo que seja cargo
eletivo. Nos EUA é assim e eles passam a ter uma função que é uma função
que serve ao país. Eu me arrependo, eu acho que foi um erro que eu fiz
ter voltado depois de presidente à vida pública e esse arrependimento me
trouxe a convicção de isso é uma das coisas necessárias", disse Sarney.
Ao falar sobre seu tempo na Presidência, Sarney disse ainda ter
"cicatrizes que ainda sangram" referentes ao período em que governou o
Brasil (1985-1990). "Só Deus é testemunha do que isso me custou e das
cicatrizes que ainda hoje sangram", disse.
Vida pública de José Sarney
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1 mandato como presidente
1985 a 1990
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1 mandato como governador do MA
1966 a 1970
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3 mandatos de deputado federal
1955 a 1958; 1959 a 1963 e 1963 a 1966
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5 mandatos como senador
1971 a 1978; 1979 a 1985; 1991 a 1999; 1999 a 2007 e 2007 a 2014
Fonte: Senado Federal
Biografia
José Ribamar Ferreira de Araújo Costa nasceu na cidade de Pinheiro,
Maranhão, em 24 de abril de 1930. A vida política começou cedo, no
início dos anos 50, quando após formar-se em Direito, em 1954, foi
escolhido como suplente do deputado federal pela UDN (União Democrática
Nacional).
Em 60 anos de vida pública, foi deputado federal, governador,
vice-presidente, presidente e senador. Por volta da década de 1960,
passou a usar nome Sarney, adotado em homenagem ao pai, Sarney de Araújo
Costa.
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1965
- Cartaz de campanha política de José Sarney como candidato do governo
no Maranhão. Ele assumiu como governador aos 35 anos Leia mais Reprodução/josesarney.org