segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

VELADOS EM DISCUSSÃO


Constantemente temos visto no cenário jornalístico discussões sobre o Serviço Velado das Policias Militares do Brasil, no entanto, a discursão é antiga, vez por outra vem à tona graças a condutas de truculência de alguns integrantes dos serviços das citadas Forças Policiais. No Maranhão há pouco tempo estampou no cenário jornalístico policial o caso do estudante de direito Ângelo Rios Calmon, cujo segundo os noticiários jornalísticos fora torturado por Policiais Militares integrantes do serviço Velado da Policia Militar do Maranhão.

Das matérias jornalísticas sobre o caso específico do estudante de direito se extrai vários posicionamentos de membros da sociedade Maranhense dentre os quais cabe ressaltar o do ilustríssimo senhor Secretario de Segurança Pública do Estado do Maranhão Aluizio Mendes, quando afirmou a um jornal de nosso Estado que em 2011 o Serviço de Inteligência da Policia Militar do Maranhão com um efetivo de apenas quarenta (40) homens conseguiu superar em duzentos por cento (200%) o número de prisões realizadas pela Policia Civil do Maranhão.

Partindo de um raciocínio Matemático e de uma analise jurídica poderíamos levar a pauta um novo encaminhamento para a segurança publica nacional, se estas informações prestadas pelo ilustríssimo senhor Secretario de Segurança estão corretas, deveríamos então institucionalizar o citado serviço através de emenda constitucional agregando ao serviço a capacidade jurídica para conclusão plena das investigações, proporcionando aos Estados uma melhor dinamização econômica na pasta; assim como, um resultado mais robusto além da facilitação ao Estado na aplicação ao jus puniendi - direito de punir.

Completando o raciocínio acima citado através da própria emenda constitucional se iniciaria a morte gradativa das atuais Policias Judiciárias até que o último Policial destas se aposentassem ou tomassem outros endereçamentos, tudo isso com base na produtividade em torno de 200% citada na matéria jornalística. O nosso direito nos proporciona adequarmo-nos a novas conveniências legais através de intervenções em nossa constituição por nossos legisladores, porém, a Matemática nos transmite exatidão onde nela todo resultado é explicável não podendo deixar dúvidas.

Ante toda a citação de números não encontramos resposta Matemática para a citação jornalística, então vejamos: se 40 Policiais Velados produziram 200% prisões a mais que a Polícia Civil do Maranhão em 2011, isso implica dizer que cada um dos 40 Policiais Velados produziu 5% a mais que cada grupo de 40 Policiais Civis dos 1.600 existentes na Policia Civil do Maranhão. Embora não se conhecendo os números de prisões feitos pela Polícia Civil e Velados em 2011 podemos da Matemática extrair o seguinte calculo óbvio, que cada grupo de 40 Policiais Civis produziu 5% a menos que cada um dos citados 40 Policias Velados, totalizando o então resultado negativo de 200% em desfavor da Polícia Civil do Maranhão.

Ora, ante a exorbitância percentual é nosso dever apresentarmos nossa contestação, para tanto lançaremos um número fictício de prisões realizadas pela Polícia Civil no exercício 2011 em torno de 1000 prisões, o que implicaria matematicamente dizer que os 40 Velados teriam superado as mil prisões com 3.000 prisões, conforme a formula adiante apresentada {(1.000 x 200% = 2.000) + 1.000 = 3.000 prisões}, fato plenamente inexplicável.

Ao certo é melhor esquecermos a Matemática pelo menos para esse fim, assim como a idéia de emenda Constitucional tutelada pelas informações prestadas pelo senhor Secretario e começarmos logo a esclarecer que Velado é Velado e Policia Civil é Policia Civil, órgão com plena capacidade jurídica estabelecida pela Constituição Federal/1988 para fins de Policia Judiciária.

Investigação Policial é atividade própria do Estado através de suas respectivas Polícias Judiciária, obviamente que o ato de investigar proporciona certo status àquele que investiga prova disso que: filmes, novelas e livros sobre investigações policiais fazem sucessos mundo a fora proporcionando aos atores estrelato garantido, sendo assim não poderia na vida real deixar de remeter Policiais as mesmas ambições dos holofotes, motivo pelo qual até o Ministério Público se posiciona pelas investigações.

A Policia Militar aos pretextos citados realiza atividades parecida com a investigação através de seus serviços Velados, ou de Inteligência, ou outras denominações, criando algumas vezes embaraços à sociedade como o caso inicialmente citado do estudante de direito Ângelo Rios Calmon, ressurgindo a cada situação de embaraço uma nova discussão o que leva uns a defender a atividade irregular e outros a extinção dos serviços que inobstante são usados indevidamente.

É visível a confusão que muitos Policiais Militares fazem em confundir investigação com transmissão de noticia de crime e coletas de dados, afinal investigação esta acima definida, razão pela qual esta consolidada no velho e resistente inquérito policial, no qual, quer queiram ou não é objeto de sustentação da denuncia.

Isto posto e deixando-se de lado as empolgações não seria bem melhor cada instituição cuidar e zelar pelas suas atribuições constitucionais e deixar os holofotes e o estrelato para atores cinematográficos.




São Luís/MA, 14 de fevereiro de 2012.





IPC. José Roberto Menezes de Azevedo
Atualmente responde interinamente pela DP de: Humberto de Campos/MA.
azevedomenezes@hotmail.com
www.menezesazevedo.blogspot.com